sábado, 8 de maio de 2010

Ler sempre é a opção



Quem conhece pode escolher melhor: a importância de bons livros para crianças

Virgínia Gastaldi

"Como levar os educadores a escolherem bons livros para suas crianças? Comecei o trabalho compartilhando com as professoras de uma instituição de educação infantil do Rio de Janeiro um
texto de que gosto muito. Arrebatadas pelo poder de Malika e outras histórias, elas iam se dando conta da importância da diversidade e qualidade dos textos. Essa experiência contribuiu para que pudessem selecionar melhores livros para as crianças".

Iniciei o encontro de formação fazendo com as professoras o que mais gosto e acho importante. Levei para ler Eu, Malika Ofkir, prisioneira do rei, de Malika Ofkir e Michéle Fitoussi. É um livro autobiográfico em que Malika conta sua insólita aventura de nascer e viver no Marrocos: membro da elite militar, filha adotiva do rei Mohamed V e depois prisioneira do rei Hassan 11, junto com sua mãe e cinco irmãos, por mais de vinte anos. Falei sobre o livro, minhas impressões e o forte impacto que me causou. Depois li um trecho que selecionei para a ocasião: Malika conta sobre os onze anos consecutivos em que, durante todas as noites, contou histórias a seus irmãos, sua mãe e uma empregada que os acompanhou na prisão.

Enquanto lia, via um interesse e uma emoção nos olhos e nas expressões que me deram a certeza de que a porta de entrada para a valorização do prazer de ler na formação de leitores é essa mesma: a própria leitura. No final, falamos brevemente sobre o que a leitura havia desencadeado em nós e sobre o quanto aquela referência comum, agora posta entre nós, nos ligaria sempre e poderia ser invocada a qualquer tempo em que nos reencontrássemos, porque fora compartilhada.


O segredo da formação de leitores

Terminada a leitura, chamei a atenção sobre os passos que havia seguido: a apresentação, seleção e preparação prévias do trecho lido, os motivos explicitados, a consideração do leitor, o incentivo aos comentários posteriores e o clima criado, destacando-os como intencionais, planejados, não acontecidos ao acaso. Essas são as orientações para o trabalho com leitura pelo professor. Esse o
lugar e a forma da leitura na escola, especialmente na educação infantil. Intenções claras e etapas bem definidas a cumprir, num clima de respeito e interação com o texto e o leitor.

O que tem que acontecer para isso? Eu, professora, também preciso achar o texto interessante ou ter um motivo relevante para trazê-lo para as crianças. Cada texto escolhido, cada leitura feita, cada sessão de comentários, cada realidade criada, convergem para a formação de leitores atentos, curiosos, interessados e interessantes. Essa é nossa meta, nosso contrato maior: capturar os leitores
para o prazer e a importância de ler.

Falando em contrato, propus trabalharmos para a dinamização e o enriquecimento das atividades de leitura realizadas na instituição. Isso implicaria em ações para ampliar e diversificar o acervo de livros e ações planejadas junto às crianças com objetivos bem definidos e estratégias pensadas para tal. Nosso trabalho durante o processo de formação foi conhecer e criar boas atividades para formar falantes, leitores e escritores competentes.

Elas vibraram e acharam aquela tarefa muito importante e, ao menos ao ouvi-la a como enunciado, prometeram-se com ela. Gostaram da idéia de que conhecer e dominar a língua é saber usá-la, produzir e compreender textos e temas como falante, leitor ou escritor, em diferentes situações, com diversos fins e múltiplos interlocutores. Enquanto eu falava sobre a leitura, uma das professoras disse:

– Mas também, você escolhe cada livro! – como que dizendo “assim é fácil”.

Esse segredo é exatamente o nosso trabalho – respondi, sorrindo – Escolher cada texto! Exatamente esse foi o próximo passo para aquele dia: pensar sobre os livros a serem escolhidos para ler.


Há livros e livros: quais vão para as crianças?

Pedi às professoras que levassem para a reunião os livros que haviam lido para as crianças nas últimas duas semanas, aqueles que sempre lêem. Foi o melhor que podia ter feito. Foi uma excelente situação para podermos comentar e discutir a qualidade dos livros. Observei que todas tinham separado pilhas de livros o que demonstrou o envolvimento com a leitura e a importância de investir nessas atividades em sala de aula.


Primeiros resultados do encontro de formação

As professoras dos berçários I contaram que passaram a escolher os livros com mais cuidado. Observaram que as crianças gostaram muito de rimas, por isso leram “Rimas Infantis", um livro que tem legendas rimadas para imagens de crianças, com figuras de bola, animais etc. Disseram que as crianças, estavam mais familiarizadas com os atos de leitura e que gostaram muito desses
momentos. Elas também se sentiram mais animadas para fazê-lo.

As professoras do berçário mostraram livros de pequenas histórias com uma série de imagens com legendas. Trata-se de um conjunto que, a rigor, não é uma história, embora sejam chamados "livros de histórias".Também separaram vários de plástico. Perguntei se os liam.

– Sim, e as crianças gostam muito, apontam as figuras, gostam muito de imagens.

É verdade. As crianças gostam muito de imagens. Então pedi que as mostrassem. Conjuntos de animais, frutas, objetos de higiene, pessoas, figuras geométricas, cada página com uma figura. Atendendo à idéia de ser "educativo", havia uma etiqueta embaixo dizendo sabonete, esponja etc. Eu também havia levado a minha pilha de livros. Tirei da minha malinha Zuza e Arquimedes da Eva Furnari. Mostrei a capa e fui folheando, pedindo que elas descrevessem o que viam. Uma arca, um homem olhando:

Como sabem que ele está olhando? Perguntei.

– Ah, o jeito, o lado para onde a cabeça está virada – alguém respondeu. O homem próximo da arca, a arca aberta com um monstro e ele assustado...

– Como sabem que está apavorado? O cabelo e o corpo para trás, quase levantando do chão, como que encostando em algo, os olhos esbugalhados...– E assim fomos.

O monstro sem máscara. São duas crianças. Quem serão? Elas riem. Nova cena. Uma mulher e a arca. A arca se abre, ela se assusta, corre, as crianças riem. Nova cena. Epa! Um monstro

– Agora vamos ver esse.
– Não, não – responderam, entendendo tudo.
– Por que? – perguntei.
– É muito sem graça – uma delas respondeu.
– E por que os lemos? – retornei.
– Porque são para crianças – respondeu-me a outra.
– São educativos – alguém completou.
– Hum ... – disse eu, continuando nossa conversa.

Então quem escreveu pensou em ensinar. O que queria ensinar? As formas geométricas, as cores, os hábitos de higiene. E como? Uma coisa por vez, tudo bem separado para a criança poder ver bem e repetir. E é assim que as coisas se apresentam no mundo? É assim que as crianças pequenas aprendem? Vocês, todos os dias com os bebês, acham que elas olham, escutam, pensam uma coisa por vez? Claro que não, eles vêem tudo ao mesmo tempo! E assim fomos refletindo o que se pensa sobre criança, ensinar e sobre ler.

– Acham que as crianças podem entender e gostar de livros diferentes dos que eu trouxe? Então porque não lêem esse tipo de livro?
– Porque não conhecemos – disse uma professora.

Chegamos, então, a um outro ponto importante: conhecer diferentes livros. Conhecer e ter, alguém acrescentou.


Quem conhece pode escolher

Com os livros na mão, fomos ainda discutindo como poderíamos levá-los às crianças, que cuidados deveríamos ter, já que estão acostumadas a puxar, morder e amassar os de plástico. Então não é mais para ter esses livros? Não, nada disso. É preciso ter o maior número e a maior variedade possíveis.

– Mas na hora da história vou ler esse – disse Nancy, apontando para o da Eva Furnari.
– Isso! Você acabou de falar algo muito importante para a segunda parte do nosso trabalho de hoje – disse eu, pedindo a Nancy que anotasse o que havia dito por que era uma orientação didática importantíssima para o trabalho com histórias – selecionar previamente os textos.

Selecionar. Não se trata de censurar, proibir, coisas do gênero. Trata-se de escolher aqueles que serão objeto de maior atenção, de ações planejadas, seqüenciadas, intencionais, com objetivo definido. Além do mais, precisamos ter e conhecer diferentes livros para possamos promover discussões, criticar nosso acervo, como fizemos juntas. Quem conhece, escolhe. Quem não conhece é escolhido pelo livro.

Nesse tom continuamos. As professoras do maternal, que estavam trabalhando o tema dos animais, haviam levado primeiramente alguns livros sobre o assunto. Outra versão dos de plástico. Um deles apresentava uma ovelha humanizada que contava como elas nascem, crescem têm o pelo cortado e se transformam em lã. Tudo muito empobrecido. Comentei o livro apontando os mesmos elementos
do livro de plástico. As mesmas idéias, as mesmas concepções, o mesmo pressuposto de que a leitura é instrumental, não tem um fim em si mesma. Para tornar isso mais evidente, eu o li com uma voz meio melosa e "educativa". Elas morreram de rir, repetindo que era muito bobo.

Para continuar, pedi a Lena, uma das professoras, que lesse um trecho do livro, Branca de Neve, em versão condensada, que havia na instituição. Algo como:

– Havia uma menina chamada Branca de Neve que tinha uma madrasta muito má que todos os dias se olhava no espelho e perguntava: espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu? – e pronto.

Li em seguida Branca de Neve e outros contos de Grimm, com seleção e adaptação de Ana Maria Machado:

– "Há muito e muito tempo, bem no meio do inverno, quando os flocos de neve caíam do céu leves como plumas, uma rainha estava sentada costurando junto a uma janela com esquadrias de ébano. Costurava distraída, olhando os flocos de neve que caíam lá fora e, por isso, espetou o dedo com a agulha e...três gotas de sangue caíram na neve. Aquele vermelho em cima do branco... "

– Nossa! Que lindo! Que diferente! Olha, esse livro conta por ela se chama Branca de Neve! – disse uma pessoa do grupo.

A partir daí, o grupo fez o trabalho quase que sozinho. Comparamos diferentes versões de Os três porquinhos e outros. Foi só encantamento. As professoras do jardim 1, 2 e 3 diziam que os seus alunos também não conheciam essas versões.
Como fazer para que as apreciassem? Ler direto a versão mais longa e complexa? Contar em um dia e ler em um outro? Ler a mais simples e depois a mais complexa? Existem muitas maneiras. O importante é que as crianças têm que conhecer todos esses textos.


Combinados para garantir uma boa leitura na escola

E a biblioteca, como melhorar seu acervo? Sugeri uma campanha de livros entre os pais e amigos. No próximo encontro, todas, levaríamos ao menos um livro como contribuição para a biblioteca. Não importava se novo ou usado, todas nós íamos ampliar as escolhas para educadoras e crianças. Animadas, as professoras foram listando tudo o que deveria haver na biblioteca: poesias, brincadeiras cantadas, rimas, de histórias etc.

Para terminar, exibi em vídeo cenas de crianças de 2 anos folheando livros, de um trio de crianças em que uma delas "lê" para as outras duas. Uma outra cena em que uma criança "lê", folheando as páginas delicadamente e acompanhando com o dedinho a história que conta. Elas acharam que aquilo não era possível. Se não vissem, não acreditariam. Como tornar possível? O que o professor deve fazer? Fomos discutindo e pontuando a diferença entre desenvolvimento e aprendizagem.
Aquelas crianças do vídeo aprenderam a folhear os livros, a manuseá-los cuidadosamente, a deleitar-se com seu conteúdo etc. Aprenderam porque um professor ensinou. Como se ensina? O que o professor deve considerar ao planejar o trabalho com leitura de histórias?

Vimos que ninguém sabia que tudo isso era tão importante. Agora que sabemos, o que o professor deve fazer? As professoras então foram ditando – e eu – pondo na lousa uma lista de orientações para trabalhar histórias. Não são lindas essas professoras?


Avaliação do encontro

O que aprenderam? A selecionar livros a ter olhar mais crítico, gosto pela leitura, a conhecer e se organizar antes, a importância da atitude do educador, sua postura, a manter o interesse e a atenção das crianças, a respeitar seus limites, a ter objetivos claros e, saber a importância de trabalhar desde sempre com os pequenos. Achei que valeu o meu dia, a minha semana, antes e depois, tudo.

Orientações didáticas para a leitura de histórias

• Conhecer o texto e prepará-lo com antecedência.
• Criar sistemática de leitura na rotina diária.
• Considerar o conhecimento prévio das crianças.
• Planejar em seqüência, em ordem crescente de desafios.
• Adequar o tempo e o tipo de leitura à condição da criança.
• Diversificar títulos e versões.
• Ampliar o repertório de histórias conhecidas pelas crianças.
• Criar ambiente agradável e aconchegante.
• Ter atitude cuidadosa de quem lê para o outro é referência como leitor.
• Explicitar suas preferências.
• Explicitar o motivo da leitura.
• Preocupar-se com a qualidade literária e não com o conteúdo moral.
• Garantir na rotina contato com livros de tipos e gêneros variados, para a formação de leitor crítico.
• Fazer sequência de planejamento ou projetos envolvendo leitura.

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Para Saber Mais


• Eu, Malika Ofkir, prisioneira do rei. Malika Ofkir e Michele Fitoussi. Cia. das Letras.
• Contos de Grimm. Vols. 1 e 2. Tradução de Maria Heloisa Penteado. Ed. Ática.
• Contos de Grimm. Tradução de Tatiana Belinky. Ed. Martins Fontes.
• Contos de Grimm. Tradução de Heloisa Jahn. Ed. Cia. das Letrinhas.
• Livro de Histórias. Ed. Cia. das Letrinhas.

http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_especial=470

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Importa???


Um fotógrafo-artista me disse uma vez:veja que o pingo de sol no couro de um lagarto é para nós mais importante do queo sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balança nem com barômetro etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes.
Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante.
E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eiffel. (veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building.
Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga.
Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos do que os ruídos dos motores da Formula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas.P orém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão.
Se é defeito da alma ou do corpo.
Se fizerem algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
Manoel de Barros

Clarice...





Tenho várias caras.
Uma é quase bonita, outra é quase feia.
Sou um o quê?
Um quase tudo.

Clarice Lispector

Simplicidade...

Escrever nem uma coisa nem outra - afim de dizer todas ou, pelo menos, nenhumas, assim, ao poeta faz bem desexplicar - tanto que escurecer acendo os vaga-lumes...


O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura é o caminho que o homem percorre para se conhecer.Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim falou que só sabia que não sabia de nada. Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisas di-menor com a natureza.Aprendeu que as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes. Disse que fosse ele caracol vegetado sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente aprender o idioma das rãs. E gostasse mais de ensinar que a exuberância maior está nos insetos do que nas paisagens. Seu rosto tinha um lado de ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver, no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar. Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens. Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite! Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles – esse pessoal. Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se renova. Píndaro falava pra mim que usava todos os fósseis lingüísticos que achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam que o fascínio poético vem das raízes da fala.Sócrates falava que as expressões mais eróticas são donzelas. E que a Beleza se explica melhor por não haver razão nenhuma nela. O que mais eu sei sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca.


_________________ e _________________


Achava que os passarinhos
são pessoas mais importantes
do que aviões.
Porque os passarinhos
Vêm dos inícios do mundo
E os aviões são acessórios.

Manoel de Barros


Ilustrações: Acrílica s/ tela de Martha Barros, filha do poeta mato-grossense Manoel de Barros, herdou do pai o lirismo e o gosto pelas coisas pequenas, pelo intocado, que a leva a recriar a inocência.


“Tudo que não invento é falso” - Manoel de Barros


"Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A gente era o que quisesse ser só usando esse advérbio. Assim, por exemplo: tem hora que eu sou quando uma árvore e podia apreciar melhor os passarinhos. Ou tem hora que eu sou quando uma pedra. E sendo uma pedra eu posso conviver com os lagartos e os musgos. Assim: tem hora eu sou quando um rio. E as garças me beijam e me abençoam. Essa era uma teoria que a gente inventava nas tardes. Hoje eu estou quando infante. Eu resolvi voltar quando infante por um gosto de voltar. Como quem aprecia de ir às origens de uma coisa ou de um ser. Então agora eu estou quando infante. Agora nossos irmãos, nosso pai, nossa mãe e todos moramos no rancho de palha perto de uma aguada. O rancho não tinha frente nem fundo. O mato chegava perto, quase roçava nas palhas. A mãe cozinhava, lavava e costurava para nós."

Menina no balanço...


Eu por mim mesma, no balanço da amoreira do quintal da casa do vovô e da vovó, lá longe dos tempos e bem pertinho da saudade...
De vez em quando ele saía... "Compras", ele dizia, com seu chapéu na mão. E eu perguntava: "Vô vovô???" esticando os bracinhos de criança de três anos, sabendo muito bem aonde queria ir, só pra, na volta, aproveitar do colinho do vovô Celadim... Às vezes eu ia, às vezes eu não ia... Mas quando ia, tinha que andar pelos murinhos do chafariz da cidade, sempre ladeado pelo cuidadoso vovô... Era lei!
E lá no fundo, lidando com o vento amigo e lavando roupas, a vovó Carminha... No fim da tarde, ela, pra me chamegar ainda mais, e pra completar a lista de coisas boas da vida de criança, servia bolo de fubá, biscoitinhos de nata e suco de fruta doce!
Felizes recordações...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Memórias inventadas...


No quintal a gente gostava
de brincar com palavras
mais do que andar de bicicleta.
Principalmente porque
ninguém possuía bicicleta.

A gente brincava de palavras
descomparadas, tipo assim:
o céu tem três letras
o sol tem três letras
o inseto é maior.

O que parecia um despropósito
para nós não era um despropósito.

Porque o inseto tem seis
letras e o sol tem três
logo o inseto é maior.
(Aqui entrava a lógica?)

(Manoel de Barros - Memórias inventadas: A infância.)
Imagem de Martha Barros

sábado, 1 de maio de 2010

Dicas econômicas


Lisandro Moraes elaborou uma seleção de dicas muito importantes para que você aprenda a controlar o seu orçamento e mantenha a sua vida econômica em dia.
Seguindo à risca as nossas dicas, você estará dando um grande passo na direção de manter seu orçamento saudável e assim afastando-se do problema do endividamento.
Vamos às dicas:
1. Nunca gaste mais do que você ganha. Embora seja uma dica básica, muita gente esquece!
2. Faça um levantamento de todos os seus ganhos e todos os seus gastos mensais. Faça uma planilha. Assim você consegue identificar os seus gastos e saber se foram necessários ou não. Desta forma, fica mais fácil reduzir ou cortar gastos desnecessários e o dinheiro começa a sobrar no final do mês;
3. Lembre-se dos imprevistos! Desemprego, doenças, divórcios não têm hora para acontecer e você deve ter uma reserva para estes casos; Normalmente, três vezes o seu salário bruto.
4. Pense antes de comprar! Muitas pessoas compram por impulso, ou seja, estão passando na frente de uma loja, olham o produto e compram, sem pensar no final do mês. É importante pensar se o produto é necessário, se o preço é bom, se cabe dentro do orçamento e se aquele dinheiro não vai fazer falta para comprar algo mais importante;
5. Compre à vista! Ao invés de pagar em 24 vezes, se você economizar o valor da prestação por 12 a 15 meses, terá dinheiro para comprar à vista, quando normalmente lhe dão desconto de 10%, e assim estará economizando quase 50%;
6. Procure nunca usar crédito ou dinheiro emprestado. No Brasil, com as maiores taxas de juros reais do mundo, para quem não tem muito controle sobre seu orçamento, isto é um suicídio financeiro;
7. Se o uso de crédito ou empréstimos for inevitável, antes de usa-los, faça uma pesquisa em vários bancos e financeiras, e peça demonstrativos com os valores que serão usados, os juros que serão cobrados e os valores que serão pagos, para ter certeza se é um bom negócio e qual seria a melhor opção. Não use o crédito por impulso. Seja racional antes para não se arrepender depois;
8. Diminua ou elimine os supérfluos – Gastar em bobagens que lhe trarão uma satisfação momentânea pode lhe trazer dores de cabeça duradouras no futuro, pois pode faltar para pagar produtos e serviços importantes para você e sua família;
9. Controle-se no Supermercado - Ao ir ao supermercado leve sempre a lista dos produtos que estão faltando em casa e que devem ser comprados e somente compre produtos fora da lista se você tiver certeza de que o mesmo está bem mais barato que nos outros supermercados (promoção), com bom prazo de validade, que haja local de estocagem em sua casa e que este será consumido dentro do prazo de validade;
10. Economize – Faça uso racional de tudo, desde energia elétrica até a alimentação. O excesso de consumo reflete no excesso de gastos;
11. Poupe – sempre é bom ter uma poupança. Não precisa poupar 30% do salário, mas é sempre bom ter uma reserva para as horas de aperto e necessidade. Portanto, tente poupar 10% ou 5% de seu salário, mas poupe, pois assim, você estará guardando uma reserva, que poderá ser utilizada para diversos fins. Lembre-se que doenças, demissões e apertos financeiros não marcam hora, eles simplesmente aparecem!
12. Evite compras a prazo, faça isso somente se você tem total controle de sua vida financeira, sabendo exatamente o que terá que pagar nos finais de cada mês e que estes valores caberão com folga em seu orçamento;
13. Pesquise preços. Algumas horas de pesquisa podem significar a economia de muitos dias de trabalho. Vale a pena.
14. Cuidado com a conta de telefone! Filhos pequenos e adolescentes adoram ficar pendurados no telefone. Se sua conta não para de crescer, tenha uma séria conversa com eles e desconte de suas mesadas. Se isto não resolver, a solução é mandar desligar a linha, ao menos por um tempo, até que aprendam o valor do dinheiro;
15. Não use o celular. Se precisar, use o telefone público ou mande uma mensagem de texto, é muito mais barata;
16. Evite fazer refeições em restaurantes, ou limite-as a datas importantes. Estes gastos freqüentes acabam por comprometer o orçamento familiar
17. Troque dívidas mais caras por dívidas mais baratas. Não pague uma conta de loja, que tem juros de 2% ao mês com o cartão de crédito que tem juros de 12% ao mês, somente se você tiver o dinheiro para pagar o total da fatura no final do mês. Assim, mais vale ficar com a dívida da loja em aberto e quitar o cartão, do que usar o cartão e criar uma bola de neve de dívidas;
18. Aproveite os finais de ano para quitar dívidas. Nesta época os credores estão precisando fazer caixa e ficam muito mais abertos a dar descontos para quitação de dívidas, que podem chegar a 90%;
19. Não caia no conto do CRÉDITO FÁCIL! Nada é fácil na vida, e o crédito muito menos. Ninguém sai por aí distribuindo dinheiro sem querer nada em troca. Muito menos no Brasil. O “crédito fácil” vem acompanhado de juros e taxas absurdamente altos e que acabam por torna-lo extremamente caro e inviável ao consumidor brasileiro assalariado. Muitos acabam por ceder a tentação do dinheiro fácil e acabam se super endividando em alguns meses, chegando a ponto de ter que deixar de pagar contas, vender pertences, carros e até casas para pagar os juros destes créditos. Portanto, tenha muito CUIDADO com a palavra “fácil”;
20. Tenha apenas uma conta bancária e não aceite todos os produtos e serviços o que o banco lhe empurrar. Aceitar cheque especial, cartões de crédito, financiamentos, planos de previdência, seguros, títulos de capitalização e outros, somente se você tiver plena certeza que serão úteis, que terá condições de administra-los e que terá condições de pagá-los;
21. Cuidado com a venda casada! Normalmente os bancos obrigam os clientes que querem um empréstimo, um cheque especial, um cartão de crédito, a assinarem também um contrato de pecúlio, seguro, previdência, título de capitalização e outros. Isto é considerado prática abusiva, pois ninguém é obrigado a adquirir um produto ou serviço para ter acesso a outro. Denuncie e se for preciso, procure a Justiça.
22. Ao pensar em comprar um carro, lembre-se dos gastos! Em média, os custos com combustível, estacionamento, seguro, impostos e manutenção equivalem ao preço de um carro a cada três anos. Portanto, se você vai comprar um carro de R$ 20.000,00, vai gastar cerca de R$ 7.000,00 para mantê-lo;
23. Em caso de carros financiados o custo anual do carro acaba subindo, porque há ainda os juros que são cobrados nestas operações;
24. Tenha apenas um cartão de crédito. Se um cartão de crédito já consegue arruinar a vida de muita gente sem controle, mais de um será a falência total;
25. Use seu cartão de crédito com inteligência:
a) Ao fazer compras no cartão, mantenha controle de todos os gastos para não ter uma infeliz surpresa quando sua fatura chegar. A falta de controle financeiro, acaba por causar grandes prejuízos econômicos;
b) Nunca pague o cartão de crédito com atraso;
c) Nunca pague apenas o “mínimo” da fatura, é a pior coisa que pode acontecer. Nestes casos é melhor até pegar um empréstimo ou usar o cheque especial para pagar a fatura, pois os juros do cartão são de cerca de 12% ao mês e o dos empréstimos e cheque especial, normalmente ficam em torno de 5%.
26. Tenha disciplina e respeite o seu orçamento. Ao conseguir equilibrar as contas, é muito importante manter o equilíbrio. Um deslize e pode ser o fim de meses de esforço;
27. Sempre que tiver dúvidas e antes de fazer qualquer negócio, procure orientação! Procure as associações de defesa do consumidor, os Procons, a Defensoria Pública, o Ministério Público ou um advogado de sua confiança. Isto pode fazer toda a diferença entre você entrar em numa fria ou não.



Dicas por Lisandro Moraes, advogado e editor do site Endividado.com
GBolso

Sobre livros e leitura...


As histórias e a formação de valores
Poderemos controlar uma boa alfabetização, garantir o aprendizado de geografia, falar
inglês, tocar piano. Mas como poderemos controlar a formação do caráter? A adoção de
valores? Uma conduta ética que leve à formação de um adulto construtivo em sua
comunidade?
A adoção de um conjunto de valores que norteie a vida de uma pessoa é algo
absolutamente íntimo, não se força e nem se obriga. Este processo encerra uma escolha,que deve ser livre e fruto do entendimento de que a decisão de adotar determinado valor é uma forma de conduta que lhe trará satisfação e poderá conduzi-lo a boas realizações.
Assim, para possibilitar esta escolha é necessário que lhe sejam apresentados alguns
exemplos de conduta, de modo de vida, de adoção de atitudes e valores que levem a
resultados satisfatórios para quem os está vivendo, a sua família, a seus amigos e à
sociedade em geral.
Em outras palavras
é preciso que lhes contem histórias...
As histórias ensinam a viver. Elas encerram anseios, desafios, vitórias, derrotas e
conquistas. O encadeamento do enredo exemplifica modos de vida e o final, geralmente
feliz, é um alento, uma esperança, uma diretriz que mostra que aquele que agir assim
também poderá obter a felicidade.
Assim, chegamos às conclusões:
Se as crianças estão mais abertas a mensagens alegres,
que falem sua linguagem simples...
e
...se as histórias são capazes de fornecer referências
para a formação do caráter da criança...
podemos concluir que as histórias são uma excelente forma de ensinar!

As crianças poderão recebê-lo através da leitura de um livro, mas isto está longe de ser um ato unilateral. O educador deverá motivá-la, criar expectativa sobre o seu conteúdo, acompanhar como a criança está absorvendo cada uma de suas páginas, dialogar com seus personagens, caminhar, e ensinar a criança a caminhar, no local onde a história está se desenrolando.
O educador poderá optar por contar a história às suas crianças; para isso, ele deve se assegurar que suas palavras e o uso dos recursos auxiliares poderão transmitir fielmente a
mensagem.
O panorama onde as histórias se desenrolam contém elementos importantes para a sua
compreensão; o narrador deverá descrevê-los com exatidão. Por exemplo, na história “A
semente e a verdade”1, é importante deixar claro que o principal objetivo do imperador era
encontrar alguém digno para poder sucedê-lo; também é importante realçar o empenho
que o menino teve em cuidar da semente, para que a criança possa entender a estratégia do rei e valorizar a lealdade do menino.
Deve-se também tomar cuidado com as circunstâncias que envolvem a história; pode
acontecer que o protagonista tenha ações nobres, mas seja pouco cortês ou arrogante.
Tudo estará sendo absorvido pela criança e nem sempre podemos controlar a intensidade
com que isto está sendo absorvido; assim, devemos estar atentos a todos os tipos de
mensagens que estamos transmitindo.

Aspectos do desenvolvimento que as histórias proporcionam
Na escolha e preparação da história, o educador deve estar ciente de que ela também
estará contribuindo com o desenvolvimento das crianças nos seguintes aspectos:
• Afetividade
• Raciocínio
• Senso crítico
• Imaginação
• Criatividade


A história contadaO contador de história deve ser encantador, ter graça, prender a atenção da platéia. E, ao contrário do que a maioria acha, ser um bom contador de história é muito mais técnica do que dom.

Uso da voz
A voz é a ferramenta maior do contador de história. Em primeiro lugar, ele
deve se assegurar de que todas as pessoas o estão entendendo. Sua voz deve ser
clara, com boa dicção, pronunciando as palavras devagar e corretamente cada
uma de suas sílabas, falando claramente cada encontro vocálico ou consonantal,
pronunciando os finais com as letras R, S e L.
A voz deve ser em bom volume; não pode ser baixa, a ponto de necessitar
esforço para escutá-la, e não deve ser muito alta, o que irrita e tira o momento de
cumplicidade que o narrador e os ouvintes devem ter.
A entonação, mais grave ou aguda, permite compor uma série de personagens.
As crianças adoram ouvir a voz estridente da bruxa e a voz “grossona” do urso.
A combinação dos elementos “velocidade” e “volume” também passam emoções:
uma voz ligeiramente mais alta e mais rápida, passa momentos de perigo; uma
voz, um pouco mais baixa do que a da narração normal e um pouco mais devagar,
passa um sentimento de segredo, suspense. Usar estes artifícios muito simples dá
colorido à narração.

Postura facial e corporal
A voz evidentemente não vem sozinha; ela vem acompanhada de
todo um corpo e ele precisa falar a mesma “linguagem”. O contador deve se
entregar por inteiro à narração: o corpo deve estar ereto, em uma posição na qual
todas as crianças possam vê-lo, e é errado fazer qualquer ato que não tenha
sentido com a narração que está fazendo (se coçar, jogar os cabelos, acenar para
quem está passando, etc.). Os gestos devem ser comedidos e utilizados apenas
quando a história permitir, sendo que nestes momentos podem até ser
exagerados: abrir os braços para mostrar que algo é bem-vindo, pôr as mãos na
cabeça em sinal de susto, “abraçar-se” para mostrar aconchego, etc.
A expressão facial também deve ser cuidada, e para isso deve-se treinar na frente
do espelho, pois o fato de estarmos “sentindo” uma emoção não assegura que a
estamos transmitindo.

Elementos da história
Compreender os elementos da história é importante para dar colorido à narração.

Personagens
É importante distinguir os personagens da história, saber quais são os
principais, os secundários e os supérfluos. Dos principais necessitamos conhecer
bem suas características, para poder transmiti-las aos ouvintes de forma que eles
possam imaginá-los e, com isso, compreender melhor a história. Dos secundários
não precisamos ter tanto conhecimento e os supérfluos geralmente são apenas
mencionados.
Cenário
É o local onde se desenrola a história. É interessante conhecer mais sobre ele,
indo além do que está escrito no livro. Isto nos levará a circunstâncias que
poderemos utilizar durante a narração ou para criar alguma atividade
complementar que reforce o conteúdo da história.
Desafio Central
As histórias geralmente têm o seu núcleo em um conflito principal, e o seu
desenrolar vai se ocupar de fazer com que o ouvinte entenda e se envolva com
este conflito, acompanhando-o atentamente e torcendo por um final feliz, que na
maioria das vezes acontece. Muitas vezes, além desse conflito central existem os
periféricos que tornam a história mais empolgante; quando isso acontece é
preciso ter cuidado para não dar muita ênfase a eles e deixar a narração confusa.

O ritmo de uma narração
Uma narração é uma sucessão de emoções: surpresa, dúvida, encantamento, medo,
ansiedade, alívio, revolta, admiração, alegria e tantas outras.
Para conseguir o envolvimento da platéia é necessário suscitar estes momentos de
emoções de uma forma planejada, onde eles estejam estrategicamente colocados e
alternados.
Uma boa narração precisa ter ritmo, e para empregá-lo é necessário entender as partes
que compõem uma história: introdução, enredo, ponto culminante e desfecho.

Dicas para contar uma história
1- Fazer a escolha cuidadosa da “sua” história.
2- Escolher aquela que bate com a sua forma de pensar, que lhe encanta e incita a sua imaginação.
3- Estudar a história entendendo os seus elementos principais: personagens, cenário,
conflito principal. Refletir sobre a sua mensagem educacional, destacando quais são as situações usadas para a sua transmissão. Dividi-la nas quatro partes: introdução,
enredo, ponto culminante e desfecho.
4- Decidir se na narração serão usados recursos auxiliares e, neste caso, uais.Fazer uma adaptação da história visando a adequação aos recursos auxiliares e à narração com as suas próprias palavras. Providenciar os recursos auxiliares, como fantoches, adereços, etc.
5- Contar a história para si mesmo, em voz alta, para detectar os pontos de maior
dificuldade e os que podem ser aproveitados para dar maior ênfase. Preferencialmente
fazer diante do espelho.
6- Minutos antes da narração, reler a história, ou a sua adaptação. Isto relembrará
elementos da história e permitirá “entrar” no clima.
7- A história deverá ser contada sempre após as crianças estarem ambientadas e terem
satisfeito suas principais expectativas com o ambiente e umas com as outras.
Preferencialmente após uma atividade agitada.
8- Sentar as crianças em círculo com o narrador fazendo parte dele.
9- Iniciar comentando alguns de seus aspectos principais, para que as crianças coloquem suas experiências sobre eles, minimizando as possibilidades de interrupções durante a história.
10- Entregar-se à história, de forma confiante e calma, valorizando todos os esforços
empregados para a sua escolha e estudo.
11- Não permitir interrupções; caso alguma criança queira interromper, fazer um sinal com a mão mostrando que depois da narração a criança será atendida.
12- Após a narração, o diálogo poderá ser incentivado, nunca, porém, concluído pelas
crianças. Atender àqueles que quiseram se manifestar.

Adaptando jogos
Os jogos comuns permitem adaptações para que as crianças vivenciem a história.
• Em um jogo de pegar o pegador pode ser o dragão.
• A organização pregada no livro “Ordem é progresso” pode ser vivenciada em
um revezamento.
• Em um jogo de bola, onde esta pode ser as diversas espécies de lixo e os seus
arremessos só valerão pontos quando caírem no cesto certo.
• A estratégia de um jogo pode estar montada em zonas que representam águas
paradas que precisam ser eliminadas para evitar a proliferação da dengue.
• Um jogo de mímica pode ter como desafio representar tipos de trabalho voluntário.
• Em um jogo de perguntas e respostas o desafio pode ser a seqüência e a
interpretação das frases do Hino Nacional.

Artesanato
• Apresentar em forma de “história em quadrinhos”.
• Reproduzir cenas da história em argila.
• Fazer um quadro para ser o cenário do teatro de fantoches.
• Fazer a maquete de uma cidade para que o prof. "X" ensine as regras de trânsito.
• Fazer um castelo/floresta em jornal, papelão, madeira, tecido e argila etc.
• Fazer os bonecos em papier mâché, desenhar um figurino para outros personagens.
• Outras manifestações artísticas e lúdicas.

O enredo e as mensagens educacionais de uma história também podem ser usados como tema para reflexão em diversas dinâmicas de grupo.

Bibliografia
BELINK, T et al. A produção cultural para a criança. 3ª ed. Porto Alegre, RS: Mercado Aberto, 1986.
BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos contos de fada. 12 ª ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1998.
CRAXI, A., CRAXI, S. Os valores humanos. São Paulo: Meca, 1995.
DOHME, V. Técnicas de contar histórias. 4ª ed. São Paulo: Editora Informal, 2001.
DOHME, V. Técnicas de contar histórias para pais. Um guia para os pais contarem histórias para seus filhos. São Paulo: Editora Informal, 2003.
GARDENER, H. Inteligências múltiplas. A teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GILLIG, J. M. O conto na psicopedagogia. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
MAGEE, T. Raising a happy, confident, sucefull child. Philadelphia, USA: Trish Magee, 1996.
MARTINELLI, M. Aulas de transformação. São Paulo : Peirópolis, 1996.
MARTINELLI, M. Conversando sobre Educação em valores humanos. São Paulo: Peirópolis, 1999.
MIGLIORI, R. F. et al. Ética, valores humanos e transformação. São Paulo: Peirópolis, 1998.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
NUNES. T. (Org.) Aprender a pensar. 12ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
PEARCE, J. C. A criança mágica. 3ª ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1987.
PIAGET, J. O juízo moral da criança. 2ª ed. São Paulo: Summus, 1994.
RATHS, L. E. et al. Ensinar a pensar. 2ª ed. São Paulo: EPU, 1977.
RODARI, G. Gramática da fantasia. São Paulo: Summus, 1982.
SHELDOCK, M. L. The art of the story-teller. U.S.A.: Dover Publication inc., 1951.
TAHAN, M. A arte de ler e de contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1957.
UNIVERSIDADE Espiritual Mundial Brahma Kumaris. Vivendo valores - um manual. São Paulo:UEMBK, 1995.

Autora: Vania Dohme (vania@dohme.com.br + www.editorainformal.com.br)
http://www.educardpaschoal.org.br/web/upload/NossosLivros/63_livro_alemdoencantamento.pdf

Literatura Infantil: começando cedo!


Um retrato da literatura infantil

A literatura é a mais importante das artes, pois sua matéria é a palavra (o pensamento, as ideias, a imaginação), exatamente aquilo que distingue ou define a especificidade do ser humano. Além disso, sua eficácia como instrumento de formaçao do ser está diretamente ligada a uma das atividades básicas do indivíduo em sociedade: a leitura.
Nelly Novaes Coelho

Literatura é uma linguagem que expressa experiencias humanas. A história nos mostra que cada época entendeu e produziu uma literatura singular, revelando a compreensão de cada momento e os costumes e as tradições da sociedade que a construiu. A produçao literária deve ser respeitada e tratada como parte integrante dos valores que cada época destinou às crianças. Ao longo dos séculos, cada vez que uma história é contada novamente, novos elementos culturais e sociais são acrescentados.

Fábulas, parábolas, contos folclóricos, contos de fadas e contos maravilhosos ilustram um percurso de quase 25 séculos de história (séc. V a.C ao séc. XIX d.C). Um percurso que acompanhou mudanças no modo de ver o mundo e de viver de toda a humanidade.

Com o conceito de "adultos em miniatura", os primeiros textos infantis eram adaptações de textos adultos. Funcionando como controle social, atraíam também o leitor infantil e o convidava a vivenciar situações reais no campo do imaginário. Os contos de fadas e os contos populares recontados ao longo de muitos anos são um exemplo disso, onde histórias fantásticas e de um mundo maravilhoso eram feitas para qualquer público.

É bem recente o reconhecimento da literatura infantil como um importante instrumento na formação de crianças, ampliando sua consciência de mundo. Deixando de ser vista como um brinquedo ou apenas um meio para entreter a criança, a literatura contemporânea ganha visibilidade e estabelece uma relação do leitor com o livro: estimula a criatividade, permite a descoberta de novos valores e contribui para as transformaçoes sociais.

Identificando valores nas histórias infantis
1. O QUE SAO VALORES?
Segundo o dicionário Aurélio, valores sao normas, princípios ou padroes sociais aceitos por indivíduos, classe ou sociedade. Alguns valores sao culturais ou temporais, outros podem ser considerados como universais por serem encontrados nas mais diversas sociedades de todo o mundo. Os valores influenciam nosso modo de pensar, norteiam nossas decisoes e permitem a escolha de caminhos positivos desde a infância até a vida adulta. Eles sao a base para a formaçao de um sujeito consciente e crítico. Nao há uma técnica específica para trabalhar valores. A contribuiçao como pais e educadores é o de colocarmos as crianças em contato constante com os valores que cremos como importantes para sua formaçao.

2. OS VALORES E AS HISTÓRIAS INFANTIS
A humanidade e a literatura sofreram transformaçoes ao longo do tempo e, ao compararmos a literatura do século XVII com a contemporânea, percebe-se a substituiçao dos "valores tradicionais", como a obediencia absoluta r autoridades, pelos "valores novos", onde esta obediencia já nao é mais aceita, como ilustra o quadro abaixo:

VALORES TRADICIONAIS
Espírito individualista
Obediencia absoluta à autoridade
Moral baseada em dogmas
Reverencia pelo passado
Racismo
Criança: adulto em miniatura
VALORES NOVOS
Espírito solidário
Questionamento da autoridade
Moral da responsabilidade étic
Redescoberta e reinvençao do passado
Anti-racismo
Criança: ser em formaçao

Considerando a abundância de valores presentes nos textos infantis, o mediador de leitura precisa estar atento ao que quer estimular e ao que quer inibir. Mas, em qualquer escolha, é preciso considerar que a melhor maneira de transmitir valores é permitir que a criança reflita, crie, conclua e escreva, desenhe, divirta-se, enfim, transforme o que aprendeu com a leitura. E lembre-se, o momento de contar histórias é mágico e aproxima o adulto da criança.

Fonte: COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil- Teoria, análise e didática. Sao Paulo: Moderna, 2000.
http://www.educardpaschoal.org.br/web/leia-historias-mudar-mundo.asp#a_1